terça-feira, setembro 02, 2008

Era Uma Vez Fonseca

Fonseca nasceu em Lisboa e iniciou a sua adolescência a espremer borbulhas no glorioso SL Olivais. Daí para o Sporting, Oriental, Torralta, Cova da Piedade e Alcobaça, saltitando aleatoriamente os degraus da sua promissora carreira em busca da fortuna, deixando um rasto de expressões faciais esquisitas e um intenso perfume a acne pelos balneários. Depois, fez-se homem quando subiu até Santo Tirso, entrou pela porta da esperança no Benfica e provou algum do néctar do sucesso, voltou a subir até Guimarães e desceu definitivamente até à Amadora. Mas o Fonseca, tal como o conhecíamos, morreu. Hoje já só existe o Tony Fonseca.
Este é, portanto, o epitáfio de Fonseca. Devido à imagem que prevalece, a de um jogador-soldado que vai jazer morto e apodrecer ao ser atingido por balas imaginárias, Fonseca simboliza as duras condições de vida a que se submete um lateral-esquerdo. Fonseca, como se vê, foi presumivelmente mais uma vítima de um ataque de simulação súbita. A bola já lá ia a escapulir-se, não havia sequer bafo a adversário por perto e, por feliz coincidência, não havia nenhum tiroteio de rua na Amadora naquele momento. Fonseca, porém, tombou com o peso da tentação a vergar-lhe as pernas. E embora tenha caído de joelhos, fez os possíveis para cair digno e heróico como um verdadeiro lateral-esquerdo deve cair. Também para desenjoar depois de tantos lançamentos laterais seguidos e, quem sabe, ensaiar uma carreira como figurante em filmes de guerra.
Que mais podemos adiantar? Deixemos que as imagens ilustrem quão inspiradora foi a entrega de Fonseca para a sociedade em geral.



Cartaz original do filme “Platoon”, com Fonseca a morrer de forma imortal no lugar de Willem Defoe (raridade do arquivo de Oliver Stone)

Fonseca Faz Penalty Desnecessário, Treinador Dá Tau-Tau”, óleo sobre tela de Goya Jr., descendente de Goya (Museu da Prada, Cascaishopping)

Fonseca e a sua famosa interpelação na ONU, Nova Iorque (colecção pessoal de Kofi Annan)

The Fonseca Brothers, um grupo punk constituído por três indivíduos extremamente parecidos com Fonseca e conhecido pelo seu single O Melhor Lançamento Lateral da Minha Vida”, ao vivo na festa de despedida de Taoufik (cortesia da editora EMI - Valentim é o Carvalho!)

The Fonseca Brothers em êxtase num clube nocturno (direitos de reprodução detidos por Carolina Salgado)

7 comentários:

Gino Magnacio disse...

O Fonseca quando esteve na Luz sofria do complexo Luis Filipe.

Era um jogador muito querido pelos adeptos.

Este ano ainda nao sei quem vai ser mas acho que o Katsouranis ou Maxi Pereira tem potencialidades para sofrer o sindrome do patinho feio da Luz.

Anónimo disse...

Este senhor tem um ar de sofrimento poético, quiçá como uma mal amanhada estrofe numa melodia de Marco Paulo mal traduzida de português do Brasil para português de Portugal.
Ou então como a perene expressão de falta de ar do defesa-central do sorriso metálico, Ilusão. Alguém dê uma bomba de asma àquele homem.

A montagem da ONU ficou de tal forma hilariante que nem faço scroll para cima com receio de me desmanchar a rir pela enésima vez e que me aconteça o sucedido ao Tavares em San Siro.

Kudos.

Anónimo disse...

Lembro-me do jogo Benfica vs FC Porto em que ele comete um penalti desnecessário, crucial para a victória do FCP.

Anónimo disse...

Doravante referido como um katsouranis.

Anónimo disse...

Eu acho muito bem a homenagem prestada à Senhora do "Calor da Noite"!!

Fonseca a Presidente (não interessa de quê...)!!

Mangongas para todos.

Ivo

Anónimo disse...

cromos villarescos a fazerem as alegrias dos users deste blog. villar agradece.

Gino Magnacio disse...

Dace ainda ta aqui o Fonseca?

saia ja dai outra foto do Kalaba ou uma homenagem ao Kutuzov

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